sábado, fevereiro 23, 2008

A história do monstruoso Monstro da barriga



Era uma vez como outra vez qualquer, mas somente dessa vez era uma, ou melhor, era um menino. Mas, o que tem o dito menino? Ele não tem, ele tinha e o nome dele não é Dito, é Benedito.
O tal Benedito era levado, levado da breca. Adorava ir a casa da avó, porque lá tinha espaço. Lá ele corria, pulava, subia em árvore e corria atrás das galinhas. Pobres galinhas! E a avó gritava de dentro da casa: “Mas será o Benedito!” E o menino caía na gargalhada.
Tanto brincava, tanto aprontava que o monstruoso Monstro da sua barriga chiava.

GRRRRRRRRRRR

Aí, o Benedito parava. Ficava assustado e calado. Não dava um pio. (Quem piava eram os pintinhos que pouco a pouco saíam do ninho e retomavam suas vidinhas, de cisco em cisco.) E o monstrengo não se acalmava e de novo reclamava:

GRRRRRRRRRRRRRRRRRRR

O menino suava, o coração quase lhe saía pela boca. Bem devagarzinho, um pé depois do outro, o Benedito voltava pra casa da avó. O Monstro ficava nervoso, dava alguns pulos e revirava dentro da barriga do menino.
Até que a avó, desconfiada que ficava com a calmaria no quintal, saía na porta da cozinha e berrava: “Menino, vem logo almoçar!” Então o moleque desembestava e o Monstro se acalmava. Toda vez era assim, bastava o monstro ouvir as palavras: ALMOÇO, JANTA, CAFÉ, LANCHINHO que a roncadeira terminava. Benedito nem acredita na mágica que elas faziam dentro da sua barriga. Podia ser mãe, avó, pai, colega da escola... o bichão silenciava no ato.

Quando Benedito era pequeno, o Monstro, ainda um monstrinho, chiava baixinho e toda hora. Mas o Benedito foi crescendo e o monstruoso Monstro também. Quando o Benedito virou homem o monstro aprendeu a hora certa de se manifestar, só gemia com hora marcada, feito um relógio ponto.
Hoje o Monstro e o Benedito até que convivem bem. A parceria, que dura anos, não vai acabar nunca, o único problema é que o Bendito não cresce mais, já o monstro...

GRHEHERR GRHEHERR