terça-feira, abril 29, 2008

sucesso? (bukowski, charles. success?)

sucesso?
você começa faminto em quartos
baratos
e você termina com
um advogado
pra verificar o seu
contador

faça um poema sobre
isso.

sexta-feira, abril 25, 2008

A Era das Decisões

Prólogo

A primeira decisão ao começar esse texto foi explicar que ele não se refere à Eric Hobsbawm, nem às suas Eras. Ainda é bom ressaltar, prezado leitor, que tal autor não escreveu livros sobre previsão do futuro e sobretudo, não cursou antropologia 3 para ter aulas de cartomancia.
Dito isto, pode-se começar.

A Era das Decisões

Quando se tem 3 anos e uma vontade imensa de ir à escola, não se imagina que esse momento é somente o início de uma série de decisões que deverão ser tomadas dali em diante. A criança, para sua felicidade, não tem responsabilidades e portanto não tem que tomar as decisões mais importantes sozinha. Porém decisões “mais importantes” não são as únicas a serem tomadas. Na infância decide-se com quem brincar, de que brincar, onde brincar. Essa tríade é a base das primeiras decisões e a partir delas é que crescemos para as decisões maiores.
Perto de completar os 10 anos (às vezes antes, às vezes depois) as decisões mudam um pouco de foco. Você decide quem vai ser chamado para o cinema, para o shopping, para o futebol, etc. Decide qual roupa vestir, qual tênis comprar, qual o corte do cabelo. Seus pais decidem que você já pode decidir alguma coisa, mas não tudo, e nasce o adolescente.
O adolescente decide todas “as paradas”. Resolve que vai numa festa (decisão tomada!) e decide os meios que utilizará para convencer seus pais. Chega na festa e decide que vai beber, apesar de não ter idade para isso. Decide que vai fumar: cigarro, maconha, narguilé, apesar de nem saber o que é. Decide quantos(as) vai “pegar”, apesar de sonhar com o príncipe encantado. Só faz bobagem, mas exerce seu direito de decidir sem pensar nas conseqüências.
Essas decisões todas vão sendo tomadas, umas após as outras, sem causar incomodo. Entretanto, num belo dia, você percebe que não é mais bem assim e seus pais não são mais os responsáveis por você. Agora quem toma as grandes decisões é alguém que atende pelo seu nome, mesmo que não esteja preparado. Essa é a chamada Era das Decisões.
Você passou a infância inteira decidindo quem seria quando crescesse. Mas e agora que você cresceu? Decidir quem você é dói. Em mim está doendo.

quinta-feira, abril 24, 2008

meu quarto

havia em meu quarto

algo de imutável

um cheiro que ali impregnou há anos

a mobília tão bem encaixada

em seu devido lugar
o guarda-roupas, a escrivaninha, a cama e a cadeira

tudo num verso só

pois é pouca coisa para se estender em outras linhas

a roupa de cama encardida, os livros amarelos e as roupas

as roupas

que em toda sorte de fotografias já estiveram

e já guardaram seu lugar na história

nada muda ali há anos.

os contornos e traços não se confundem mais

as sombras pontuais

não me saem da memória

não me deixam sair da memória

assim como a esperança pertinente

de um dia explodir aquelas quatro paredes
e mandar tudo pra puta que pariu.

domingo, abril 13, 2008

eu e Faulkner (bukowski, charles. me and Faulkner. Third Lung Review, 1992 [http://bukowski.net/poems/faulkner.php])

eu e Faulkner


claro, eu sei que está cansado de ouvir isso, mas
a maioria repete o mesmo tema muitas vezes, é como
se eles estivessem tentando refinar o que parece tão estranho
e distante e importante para eles, isso é feito por todo mundo
porque todo mundo é de uma diferente classe e forma
e cada um precisa concluir o que vem antes deles
repetidamente porque
esse é seu minúsculo milagre pessoal
seu bocado de sorte

como agora e como antes eu estive lentamente
bebendo este fino vinho tinto e ouvindo a sinfonias após
sinfonias neste rádio preto à minha esquerda

algumas sinfonias lembram-me de certas cidades e certos quartos,
fazem-me entender que certas pessoas agora mortas há muito tempo eram capazes de
violar cemitérios

e armadilhas e jaulas e ossos e pernas

pessoas que romperam com a alegria e a loucura e com
insuperável força

em minúsculos quartos alugados fui surpreendido por milagres

e mesmo agora após décadas de escuta eu ainda sou capaz de ouvir
um novo trabalho nunca antes ouvido que é totalmente
brilhante, um fresco sol incandescente

há incontáveis substratos de nascente surpresa do
firmamento humano

a música possui um fluxo expansivo e infinito de profana
exploração

escritores são confinados aos limites da visão e dos sentimentos sobre a
página enquanto músicos saltam na imensidão irrestrita

agora é só o velho Tchaikowski lamentando e reclamando do seu
jeito através da sinfonia #5
mas é tão bom quanto da primeira vez em que a ouvi

não tenho escutado um de meus favoritos, Eric Coates, por um bom tempo
mas sei que se continuar bebendo o bom tinto e ouvindo,
que ele estará junto

há outros, muitos outros

e então
este é só mais um poema sobre beber e ouvir
música

repetido, certo?

mas olhe para Faulkner, ele não disse apenas a mesma coisa
repetidamente mas disse o mesmo
lugar

então, por favor, deixe-me engrandecer estes gigantes de nossas vidas
mais uma vez: os compositores clássicos de nossos tempos e
do passado

isso manteve a corda longe do meu pescoço

talvez afrouxe
a de vocês

sábado, abril 12, 2008

dester-

Maria Des-
terro, na
chuva
ficou sem a
casa;
salvou a TV, gela-
deira e o me-
nino Ja-
cinto Des-
terro.

segunda-feira, abril 07, 2008

Entre as linhas


Entre as linhas que escrevo há muito mais explícito:

Letras, palavras, frases, significados.

Fica claro o implícito:

Pensamentos, sentimentos guardados.


Entre as linhas do que leio, leio além do que dizem:

Poemas, prosas, contos.

Mensagens secretas que fazem,

Acertam os pingos e os pontos.


De tudo o que existe:

Escrito, lido ou falado.

Entre as linhas persiste:

Um segredo [re]velado.




Saberá você ler entrelinhas, acima e abaixo?

sábado, abril 05, 2008

Ensaio sobre a superação

Não adianta, não há como negar que aqueles ditados populares muitas vezes repetidos por nossos avós estão corretíssimos.

“A primeira impressão é a que fica”

Um vocábulo mais bonito, que sintetiza essa mensagem é SIMPATIA. Você olha para a pessoa e simpatiza ou não com ela. Simpatizar significa ter afeto, afinidades ou sentir-se inclinado por alguém ou alguma coisa. Então, quando sua primeira impressão não é boa, quando você não tem afeto e muito menos afinidades com alguém, não há como ter simpatia, quanto m ais ser simpático.

Muito cuidado agora: simpatia não pode ser confundida com EMPATIA. São duas palavras com um significado muito parecido, sufixos iguais e prefixos bem diferentes. Empatia é uma resposta afetiva, é a capacidade do ser humano de se colocar no lugar do outro.

“Coloque-se no meu lugar”

Empatia é uma inteligência emocional, uma forma de compreender como o outro encara as situações. Quanto à sua dimensão afetiva, a empatia está relacionada à capacidade de experimentar as reações do outro por meio da observação.

“Fazer o bem sem olhar a quem”

Outra capacidade humana (desfrutada por poucos Homo sapiens sapiens) é o ALTRUÍSMO. O filósofo francês Auguste Comte caracteriza-o como conjunto das disposições humanas que inclinam os homens a dedicarem-se aos outros. Eis que surge uma dicotomia em nosso ensaio: como podemos ser empáticos, simpáticos e altruístras ao mesmo tempo?

A resposta é SUPERAÇÃO.

“Tudo vale a pena se alma não é pequena”

Superar-se não é fácil. Implica em anular suas vontades e suas percepções, o que não vale a pena. O poeta nem sempre acerta, já os ditados populares...

“Se conselho fosse bom, não dava, vendia”