Lembro-me bem da primeira vez.
Era uma tarde rasa e alaranjada
Que deixava mesmo a pele mais escura enrubescida
A pele
A pele já bastante ferida pelas pancadas da vida
A pele já desgastada pelo tic-tac falso de relógios digitais com Water Resistance.
As feridas da pele
O desgaste da pele
Mas não há motivos para perder versos com isso
Já que há plaquetas que fecham feridas e
baterias que se acabam e fazem o tempo parar.
Estou aqui para falar da primeira vez.
Mas a merda é que isso me acomete sempre
Sempre que penso na primeira vez.
Talvez porque seja eu um hemofílico
com um relógio de corda herdado de meu avô.
Quando o tempo parava e eu tentava correr para recuperá-lo
o pulsar irritante de Chronos tornava com o balançar de meus braços
e o sangue jorrava outra vez
E foi com tal sangue condensado no céu
que aquela tarde ganhou esse tom.
E foi pela primeira vez com o corpo jogado ao chão
que estendi minhas mãos
E ao invés de um puxão amigo
foram duas moedas que recebi.
Não pedi moedas.
Moedas não estancam sangue
Nem fazem retroceder os segundos
os minutos
as horas
Não pedi uma, sequer duas moedas.
Talvez meu corpo
Seja tão à prova d'água
quanto o relógio que carrego no pulso
Talvez meu corpo embace
como o vidro do relógio
E, no fim, tudo o que se poderá ver
é o brilho reluzente do vil metal.
Um comentário:
Oi Leandro!
poxa valeu pela visita no blog do Westlife!
então, pelo que eu to sabendo não tem nada previsto pra eles virem pro Brasil, até porque estão de férias :/ acho que só voltam no ano de 2010! teremos que esperar mais um pouco!
Beijos
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