terça-feira, novembro 18, 2008

Lembro-me bem da primeira vez.

Era uma tarde rasa e alaranjada

Que deixava mesmo a pele mais escura enrubescida

A pele

A pele já bastante ferida pelas pancadas da vida

A pele já desgastada pelo tic-tac falso de relógios digitais com Water Resistance.


As feridas da pele

O desgaste da pele

Mas não há motivos para perder versos com isso

Já que há plaquetas que fecham feridas e

baterias que se acabam e fazem o tempo parar.

Estou aqui para falar da primeira vez.

Mas a merda é que isso me acomete sempre

Sempre que penso na primeira vez.

Talvez porque seja eu um hemofílico

com um relógio de corda herdado de meu avô.

Quando o tempo parava e eu tentava correr para recuperá-lo

o pulsar irritante de Chronos tornava com o balançar de meus braços

e o sangue jorrava outra vez


E foi com tal sangue condensado no céu
que aquela tarde ganhou esse tom.
E foi pela primeira vez com o corpo jogado ao chão
que estendi minhas mãos
E ao invés de um puxão amigo
foram duas moedas que recebi.

Não pedi moedas.

Moedas não estancam sangue

Nem fazem retroceder os segundos

os minutos

as horas

Não pedi uma, sequer duas moedas.

Talvez meu corpo

Seja tão à prova d'água

quanto o relógio que carrego no pulso

Talvez meu corpo embace

como o vidro do relógio

E, no fim, tudo o que se poderá ver

é o brilho reluzente do vil metal.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Leandro!
poxa valeu pela visita no blog do Westlife!


então, pelo que eu to sabendo não tem nada previsto pra eles virem pro Brasil, até porque estão de férias :/ acho que só voltam no ano de 2010! teremos que esperar mais um pouco!

Beijos