terça-feira, setembro 02, 2008

cerveja (bukowski, charles. beer)

CERVEJA

Não sei quantas garrafas de cerveja
consumi enquanto esperava as coisas
melhorarem
não sei quanto vinho e uísque
e cerveja
principalmente cerveja
consumi depois de
trepar com mulheres --
esperando o telefone tocar
esperando o som de passos
e o telefone tocar
esperando o som de passos,
e o telefone nunca toca
até bem depois
e os sons de passos nunca chegam
até bem depois
quando meu estômago está subindo
até a minha boca
elas chegam frescas como flores de primavera:
"o que diabos você fez a si mesmo?
vai levar 3 dias até você poder me foder!"

a fêmea é durável
ela vive sete anos e meio a mais
que o macho, e bebe muito pouca cerveja
pois sabe que é ruim para a imagem.

enquanto ficamos malucos
elas estão por aí
dançando e rindo
com cowboys excitados

bem, há a cerveja
sacos e mais sacos de garrafas vazias
e quando você puxa uma
a garrafa cai pelo fundo molhado
do saco de papel
rolando
quebrando
expelindo cinzas molhadas
e cerveja estragada
ou os sacos caem às 4 a.m.
na madrugada
fazendo o único som em sua vida.

cerveja
rios e mares de cerveja
o rádio tocando canções de amor
enquanto o telefone continua em silêncio
e as paredes imóveis
retas de cima a baixo
e a cerveja é tudo o que há.

Nenhum comentário: