sexta-feira, abril 25, 2008

A Era das Decisões

Prólogo

A primeira decisão ao começar esse texto foi explicar que ele não se refere à Eric Hobsbawm, nem às suas Eras. Ainda é bom ressaltar, prezado leitor, que tal autor não escreveu livros sobre previsão do futuro e sobretudo, não cursou antropologia 3 para ter aulas de cartomancia.
Dito isto, pode-se começar.

A Era das Decisões

Quando se tem 3 anos e uma vontade imensa de ir à escola, não se imagina que esse momento é somente o início de uma série de decisões que deverão ser tomadas dali em diante. A criança, para sua felicidade, não tem responsabilidades e portanto não tem que tomar as decisões mais importantes sozinha. Porém decisões “mais importantes” não são as únicas a serem tomadas. Na infância decide-se com quem brincar, de que brincar, onde brincar. Essa tríade é a base das primeiras decisões e a partir delas é que crescemos para as decisões maiores.
Perto de completar os 10 anos (às vezes antes, às vezes depois) as decisões mudam um pouco de foco. Você decide quem vai ser chamado para o cinema, para o shopping, para o futebol, etc. Decide qual roupa vestir, qual tênis comprar, qual o corte do cabelo. Seus pais decidem que você já pode decidir alguma coisa, mas não tudo, e nasce o adolescente.
O adolescente decide todas “as paradas”. Resolve que vai numa festa (decisão tomada!) e decide os meios que utilizará para convencer seus pais. Chega na festa e decide que vai beber, apesar de não ter idade para isso. Decide que vai fumar: cigarro, maconha, narguilé, apesar de nem saber o que é. Decide quantos(as) vai “pegar”, apesar de sonhar com o príncipe encantado. Só faz bobagem, mas exerce seu direito de decidir sem pensar nas conseqüências.
Essas decisões todas vão sendo tomadas, umas após as outras, sem causar incomodo. Entretanto, num belo dia, você percebe que não é mais bem assim e seus pais não são mais os responsáveis por você. Agora quem toma as grandes decisões é alguém que atende pelo seu nome, mesmo que não esteja preparado. Essa é a chamada Era das Decisões.
Você passou a infância inteira decidindo quem seria quando crescesse. Mas e agora que você cresceu? Decidir quem você é dói. Em mim está doendo.

3 comentários:

erick disse...

o prólogo foi de grande valia para a interpretação do texto...
Na verdade a gente sabe que decide, mas só percebe a gravidade depois da primeira grande topada.

Lucas disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Leandro disse...

Eu li o texto e decidi: quero comentar porque gostei, mas agora não sei o que escrever de comentário, daí minha decisão ficou toda perdida, mas isso é fácil de resolver, porque um comentário perdido pode virar um comentário excluído... Agora quando chega uma decisão grave é que a coisa corta afiada, sim, porque segundo as etimologias, quem toma uma decisão, corta uma parte, abre mão de alguma coisa.