domingo, dezembro 31, 2006

Vamos falar de Sadam então!

Eu tive um cachorro quando criança. Seu nome era Scooby. Não falava, e, como não falava, não chegava a ser engraçado como o da televisão. Mas para mim era um bom cachorro.
Como o peguei ainda filhote, ensinei-lhe truques bobos, tais como deitar e sentar. Mas eu queria mais dele. Queria que ele rolasse, pedisse comida, me desse a pata todas as manhãs, pegasse a revista, que era muito grande para sua pequena boca, mas nós daríamos um jeito. Comecei a treiná-lo incessantemente e parei de achá-lo uma graça. Só lhe dava comida quando fazia o que eu lhe pedia. Scooby não seria um cachorro vira-latas qualquer, ele seria um cachorro vira-latas treinado.
Um dia, Scooby cansado e meio de saco cheio, achou uma fresta no portão e foi passear. Viu tantos cães malandros, cadelas assanhadas e outros velhos e sábios que sentiu vergonha de si. Precisaria acabar com aquilo agora. Não fugiu, voltou para casa.
Voltou para casa, e quando o vi, descarreguei a raiva. Costumava fazer isso com ele, pois não reclamava. Ouviu calmamente meus gritos e aguentou minhas palmadas como o filho de um lord. Depois de tudo, virou-se para mim e me mordeu.
Não rosnou, não deu sinal de raiva ou descontentamento, simplesmente me mordeu. Fez sangrar tanto meu fino braço, que meu pai não pensou duas vezes : levou-o para o meio do mato e deu-lhe um tiro de carabina na cabeça.
Scooby foi um bom cão quando precisei.

Um comentário:

Leandro disse...

Definitivamente tudo o que uma traça poderia escrever sobre Saddam não passaria de uma reticência do cachorro Scooby. Saddam sai da vida para entrar nos folhetos de história. “E o petróleo é nosso!”